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Empatia apenas para mim

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Vivemos em mundo, cheio de pessoas que foram rejeitadas, que sofreram abuso emocional, físico, sexual, ou  talvez, tenham sofrido todos ao mesmo tempo. Muitas sofreram discriminação ou trabalharam como escravas, algumas passaram fome, outras enfrentaram doenças graves, algumas perderam tudo como resultado de desastres naturais, outras perderam um ente querido, dentre inúmeras dificuldades que poderíamos citar. Seria difícil encontrarmos alguém que não sofreu em algum aspecto durante a vida, até mesmo porquê, sofrer faz parte da vida humana.

O que precisamos entender, é que cada pessoa processa as suas experiências negativas de uma maneira diferente. Desta forma, aquilo que pode parecer besteira para nós, pode ser trágico para outra pessoa, como por exemplo, uma simples crítica ou um comentário sedutor.

O problema está em pensarmos que o nosso problema é sempre mais dolorido, ou pior do que o do próximo, e como consequência, não demonstrarmos a empatia e a sensibilidade que ele precisa, bem como sofrermos de síndrome de vítima do mundo, na qual todos estão contra todos, enquanto tudo ocorre apenas na nossa mente.

Cada caso é um caso. Para uma pessoa que sofreu abuso sexual, o sexo pode ser a pior coisa que ela pode pensar em fazer, enquanto que para muitos, pode ser o momento mais prazeroso da vida. Para quem ama estudar e trabalhar, ficar sem poder realizar tais atividades, pode ser o pior tipo de privação, embora que para alguns, são apenas obrigações necessárias. Cada pessoa possui características e interesses distintos, pensa e age de formas diferentes; e pode reagir de maneira inesperada diante de qualquer situação.

É muito comum esperarmos que as pessoas se coloquem no nosso lugar, e entendam profundamente como nos sentimos diante de tudo. Realmente seria bom se cada pessoa tivesse alguém que a compreendesse e demonstrasse isso. Todavia, mesmo sendo natural da nossa parte ter tais expectativas, não podemos depender disso; nós precisamos ter a iniciativa de sermos alguém que busca compreender e valorizar as pessoas, independente de alguém fazer isso por nós.

Muitas vezes, desejamos amar todo o mundo, e acabamos não amando nem a casa do lado, por não sabermos como começar. Portanto, é preciso aprender o valor de cada pessoa, e investir tempo para fazer isso, com uma de cada vez. Não se trata de ficar falando que ama ou dando “palestras”, e sim, de demonstrar amor na prática, começando com coisas simples, que vão conquistando a pessoa; como fazer comentários positivos, fazer perguntas que demonstram interesse, se dispor a ouvir com atenção, preparar um doce e levar, se oferecer para servir ou auxiliar de alguma maneira, etc. Ao fazer isso, além da pessoa se sentir amada, ela pode ser estimulada a fazer o mesmo por outra, e assim poderá ocorrer sucessivamente.

Ao expressarmos e sermos canal do amor de Deus, nós é quem somos mais abençoados e nos sentimos mais saciados, pois antes de chegar no próximo, tudo passa por nós. De qualquer forma, é inevitável não recebermos da parte de Deus aquilo que precisamos, pois tudo o que semeamos, iremos colher, é um princípio.

A maior parte daquilo que somos em nosso interior, bem como a visão que temos, é resultado dos nossos primeiros anos de vida; pouco tem a ver com a nossa atual situação. Este fato explica, porque muitas pessoas têm "tudo", para serem e viverem felizes, e no entanto, sofrem com depressão ou se sentem frustradas. Isso mostra também, que aquilo que nós valorizamos ou almejamos, talvez não seja aquilo que o próximo mais precisa.

Esse é um fato comum na vida de pessoas que têm bastante dinheiro. Quando estão sofrendo, a coisa que mais ouvem para consolá-las é: olha só, você tem tudo, não existem motivos para estar triste; enquanto que na verdade, o dinheiro não proporciona nada se os relacionamentos não estão bem. Ouvir isso pode até gerar certa revolta interior, pois muitos pensam que dinheiro é tudo, enquanto que quem tem dinheiro, sabe que isso não é uma verdade. A maioria das pessoas que cometem suicídio, possuem muito dinheiro, pois experimentaram de tudo, e ainda assim não se sentiram completas, logo, perderam toda a esperança.

É também por este motivo, que podemos ver uma família, que parece viver muito bem; os pais podem ter muito sucesso ou até serem experientes na área de famílias, e mesmo assim, um ou todos os filhos, podem estar sofrendo com graves problemas emocionais ou em outros aspectos. O fato do pai possuir muito conhecimento e ensinar outras pessoas, não significa que o filho consiga absorver tudo o que o pai ensina, e mesmo que os pais demonstrem amor e cuidem do filho, o cenário interior do filho pode fazer com que ele não se sinta amado, em virtude do seu passado.

Apenas nós mesmos, sabemos como nos sentimos, aquilo que determinadas palavras e atitudes nos transmitem, bem como, aquilo que as circunstâncias geram ou nos trazem à memória. E é por este motivo, que não podemos julgar ou agir com preconceito, pois da mesma forma que as pessoas não sabem o que cada coisa significa para nós, nós também não sabemos o que pode significar para elas.

Mesmo que determinado povo ou cultura, tenha fama ou reputação, de possuir alguma característica, seja positiva ou negativa, não podemos generalizar ou enquadrar as pessoas; pois pessoas são, e sempre serão, diferentes, independente de onde estejam.

O que as más experiências devem gerar em nós, não é um senso crítico ou inflexível, e sim, maior empatia e sensibilidade, assim como esperamos que tenham por nós.

Uma coisa é certa, por consciência pessoal, quando aprendemos que algo que fizemos no passado, pode ter gerado algum trauma ou possa ter prejudicado alguém, nossa primeira ação deve ser consertar isso, e restituir, se possível. Em especial, dentro da família. Alguns aspectos, apenas Deus pode curar e restaurar, contudo, existe também a nossa parte e devemos fazê-la. Somente depois disso, é que esse ensino deve fazer parte do nosso discurso. Pois tudo o que aprendemos, serve para aplicarmos e depois compartilharmos, não há sentido em ficar compartilhando algo que nem para nós tem aplicabilidade. O que conhecemos também, não serve para julgarmos ou estabelecermos a "verdade".

Vamos dar ênfase na palavra compartilhar, pois é esse o objetivo de tudo o que falamos: expor uma experiência ou conceito, para que as pessoas possam se identificar e possam obter uma visão diferente, e assim tenham a possibilidade de aplicar e agir de maneira diferente do que agiam, e que lhes causava sofrimento.

Quando compartilhamos algo, por mais que possa ser confrontador, é a maneira pela qual transmitimos o assunto, que irá gerar resistência ou garantir o efeito esperado. Portanto, saber se expressar é fundamental. Existem diversas maneiras de expressar algo ou transmitir uma mensagem, e é isso o que mais impacta. Até mesmo um elogio pode representar algo ruim, se a forma em que for proferido transmitir sarcasmo ou superioridade.

Tudo o que aprendemos deve servir como uma régua para nos avaliarmos, bem como aplicarmos as mudanças que somos capazes de realizar. Já em relação ao próximo, independente de quem seja, tudo isso deve servir para compreendermos que ele também é humano. Desta forma, não interessa o que ele sabe, o que ele possui ou faz; ele pode estar muito errado, todavia, isso é responsabilidade dele. A nossa responsabilidade é cuidar do nosso coração e das nossas ações. Nosso papel é exortar somente se formos designados para isso, nos demais casos, temos de cuidar de nós mesmos, deixarmos o próximo nas mãos de Deus e apenas orarmos por ele.



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