Não sei dizer o que considero mais
desagradável: alguém que não sabe ouvir e fala sem parar, ou alguém indiferente
que não fala nada, e que pouco se esforça para se comunicar.
Sempre gostei de falar e também de
ouvir. Costumava ter alguns hábitos negativos ao ouvir, como interromper ou
ficar pensando no que eu iria falar depois. No entanto, estes são hábitos que
temos e nem percebemos, até que alguém nos ensine e nos faça perceber como
atrapalham os outros.
Eu costumava interromper com
perguntas e afirmações, para que a pessoa tivesse certeza que eu estava
prestando a atenção, bem como, estava interessada em ouvir, visto que, eu
percebia como era comum as pessoas não prestarem a atenção enquanto outras
falavam.
Fiz isso, até que um certo dia, uma
amiga ficou nervosa com as minhas interrupções, e disse que era para eu fazer
perguntas somente quando ela terminasse, pois isso atrapalhava o raciocínio
dela. Acabei ficando feliz com a solicitação, pois me dei conta de que aquilo
que eu não gostava de fazer, e fazia com uma boa intenção, era desnecessário e
péssimo. Era possível que eu já tivesse irritado muita gente com isso, mas
graças a Deus, alguém me alertou.
Identifiquei também, que muitas
vezes, eu não estava disposta a compreender o que as outras pessoas pensavam,
minha intenção era simplesmente expor a minha opinião e visão, com o intuito de
influenciar as pessoas a pensarem como eu, pois em algumas ocasiões, eu pensava
que estava certa e que as demais pessoas não tinham tanta experiência quanto
eu.
Em alguns momentos específicos da
minha vida, costumava sentir a necessidade de compartilhar muitas coisas que
estava aprendendo, principalmente em casa. A cada nova descoberta e
aprendizado, tinha o hábito de permanecer longos períodos compartilhando e
explicando.
Não sei dizer tudo o que me
impulsionava a falar tanto nestes dias, só sei que depois, mesmo que fosse algo
positivo e que poderia beneficiar de alguma maneira, eu me sentia mal por ter
falado demais. E uma das reclamações gerais dos homens em relação às mulheres, é
que falam demais. Assim sendo, costumava ter aversão só de pensar em ser uma
tagarela no futuro, apesar de ter sido muitas vezes.
Portanto, resolvi que iria aprender
a não falar nada e permaneceria calada, o que foi impossível. Fui pedindo a
Deus que me ajudasse a ser mais equilibrada e me ensinasse como deveria
proceder.
Diante disto, aprendi que meu
objetivo não era ficar calada, e obviamente também não era dominar as
conversas. Eu deveria ter sensibilidade para saber a hora certa de falar e a
hora de ouvir, e principalmente, saber o que falar, quando, de que forma, e
para quem poderia falar. Ter bom senso e empatia seriam essenciais.
Aprendi também, que saber ouvir, e
fazer a pessoa que está falando, sentir que possui valor, é uma arte.
Demonstrar que aquilo que as pessoas pensam, falam e sentem, é importante,
mesmo quando é irrelevante para nós, é uma das maiores expressões de amor que
podemos oferecer. Todos esperam ser compreendidos.
Às vezes, desejamos resolver o
problema das pessoas, todavia, o simples fato de demonstrarmos que entendemos
como alguém se sente, pode bastar e ajudar a pessoa a sentir melhor. Mesmo
porque, a maior parte dos problemas que enfrentamos, não existe no mundo real,
são apenas criados na nossa mente e nos acostumamos a viver com eles como parte
da nossa vida.
Desta forma, não podemos criar
padrões de comunicação; precisamos criar e obter disposição, para tratar cada
situação como um caso singular.
Certo dia, uma mãe e uma filha
vieram em nossa casa. Quando chegaram, elas se sentaram no sofá e a menina não
falava nada, apenas acenava com a cabeça, mesmo eu já tendo estado na casa dela
e conversado com ela. Na minha casa, eu fiz perguntas e não obtive respostas
por meio da comunicação verbal. Portanto, peguei algumas bonecas polly e chamei
ela para brincar comigo. Assim que começamos a brincar, ela já se soltou e
passou a conversar à vontade. Neste caso, a brincadeira foi a linguagem pela
qual me identifiquei com a menina e ela se sentiu em casa.
Este é um detalhe muito importante
nas relações humanas – observar e saber como conquistar a atenção das pessoas
para deixá-las à vontade. É criar um ambiente propício para a troca de experiências
e aprendizado mútuo. É saber fazer perguntas adequadas e relevantes, tais que
façam com que a pessoa se sinta aceita e valorizada, sem que se sinta invadida
ou constrangida.
Pessoas são completamente diferentes
em todos os sentidos possíveis, e saber valorizar essas diferenças, bem como
compreender que cada uma vive em uma realidade diferente, torna a comunicação
muito mais eficaz, pois não haverá a presença de preconceitos e julgamentos.
Quanto mais acessíveis e
compreensivos somos ou parecemos ser, mais prazer as pessoas têm de se
relacionar conosco, pois a atenção que cedemos, faz com que se sintam especiais
em vez de se sentirem inadequadas ou incompetentes. Enfim, tanto ficar calado, quanto
falar demais, são hábitos muito desagradáveis e deixam as pessoas
desconfortáveis. O ideal é aprender o momento adequado para ouvir e para falar.
Existe hora e ocasião para todas as coisas.
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