Pesquisar

Afinal, falar ou se calar?

Nenhum comentário :
Não sei dizer o que considero mais desagradável: alguém que não sabe ouvir e fala sem parar, ou alguém indiferente que não fala nada, e que pouco se esforça para se comunicar.
Sempre gostei de falar e também de ouvir. Costumava ter alguns hábitos negativos ao ouvir, como interromper ou ficar pensando no que eu iria falar depois. No entanto, estes são hábitos que temos e nem percebemos, até que alguém nos ensine e nos faça perceber como atrapalham os outros.
Eu costumava interromper com perguntas e afirmações, para que a pessoa tivesse certeza que eu estava prestando a atenção, bem como, estava interessada em ouvir, visto que, eu percebia como era comum as pessoas não prestarem a atenção enquanto outras falavam.
Fiz isso, até que um certo dia, uma amiga ficou nervosa com as minhas interrupções, e disse que era para eu fazer perguntas somente quando ela terminasse, pois isso atrapalhava o raciocínio dela. Acabei ficando feliz com a solicitação, pois me dei conta de que aquilo que eu não gostava de fazer, e fazia com uma boa intenção, era desnecessário e péssimo. Era possível que eu já tivesse irritado muita gente com isso, mas graças a Deus, alguém me alertou.
Identifiquei também, que muitas vezes, eu não estava disposta a compreender o que as outras pessoas pensavam, minha intenção era simplesmente expor a minha opinião e visão, com o intuito de influenciar as pessoas a pensarem como eu, pois em algumas ocasiões, eu pensava que estava certa e que as demais pessoas não tinham tanta experiência quanto eu.
Em alguns momentos específicos da minha vida, costumava sentir a necessidade de compartilhar muitas coisas que estava aprendendo, principalmente em casa. A cada nova descoberta e aprendizado, tinha o hábito de permanecer longos períodos compartilhando e explicando.
Não sei dizer tudo o que me impulsionava a falar tanto nestes dias, só sei que depois, mesmo que fosse algo positivo e que poderia beneficiar de alguma maneira, eu me sentia mal por ter falado demais. E uma das reclamações gerais dos homens em relação às mulheres, é que falam demais. Assim sendo, costumava ter aversão só de pensar em ser uma tagarela no futuro, apesar de ter sido muitas vezes.
Portanto, resolvi que iria aprender a não falar nada e permaneceria calada, o que foi impossível. Fui pedindo a Deus que me ajudasse a ser mais equilibrada e me ensinasse como deveria proceder.
Diante disto, aprendi que meu objetivo não era ficar calada, e obviamente também não era dominar as conversas. Eu deveria ter sensibilidade para saber a hora certa de falar e a hora de ouvir, e principalmente, saber o que falar, quando, de que forma, e para quem poderia falar. Ter bom senso e empatia seriam essenciais.
Aprendi também, que saber ouvir, e fazer a pessoa que está falando, sentir que possui valor, é uma arte. Demonstrar que aquilo que as pessoas pensam, falam e sentem, é importante, mesmo quando é irrelevante para nós, é uma das maiores expressões de amor que podemos oferecer. Todos esperam ser compreendidos.
Às vezes, desejamos resolver o problema das pessoas, todavia, o simples fato de demonstrarmos que entendemos como alguém se sente, pode bastar e ajudar a pessoa a sentir melhor. Mesmo porque, a maior parte dos problemas que enfrentamos, não existe no mundo real, são apenas criados na nossa mente e nos acostumamos a viver com eles como parte da nossa vida.
Desta forma, não podemos criar padrões de comunicação; precisamos criar e obter disposição, para tratar cada situação como um caso singular.
Certo dia, uma mãe e uma filha vieram em nossa casa. Quando chegaram, elas se sentaram no sofá e a menina não falava nada, apenas acenava com a cabeça, mesmo eu já tendo estado na casa dela e conversado com ela. Na minha casa, eu fiz perguntas e não obtive respostas por meio da comunicação verbal. Portanto, peguei algumas bonecas polly e chamei ela para brincar comigo. Assim que começamos a brincar, ela já se soltou e passou a conversar à vontade. Neste caso, a brincadeira foi a linguagem pela qual me identifiquei com a menina e ela se sentiu em casa.
Este é um detalhe muito importante nas relações humanas – observar e saber como conquistar a atenção das pessoas para deixá-las à vontade. É criar um ambiente propício para a troca de experiências e aprendizado mútuo. É saber fazer perguntas adequadas e relevantes, tais que façam com que a pessoa se sinta aceita e valorizada, sem que se sinta invadida ou constrangida.
Pessoas são completamente diferentes em todos os sentidos possíveis, e saber valorizar essas diferenças, bem como compreender que cada uma vive em uma realidade diferente, torna a comunicação muito mais eficaz, pois não haverá a presença de preconceitos e julgamentos.
Quanto mais acessíveis e compreensivos somos ou parecemos ser, mais prazer as pessoas têm de se relacionar conosco, pois a atenção que cedemos, faz com que se sintam especiais em vez de se sentirem inadequadas ou incompetentes. Enfim, tanto ficar calado, quanto falar demais, são hábitos muito desagradáveis e deixam as pessoas desconfortáveis. O ideal é aprender o momento adequado para ouvir e para falar. Existe hora e ocasião para todas as coisas.


Nenhum comentário :

Postar um comentário