Grande parte das
pessoas, possui certa dificuldade em conversar com outras, quando não existe
algum tipo de identificação. Algumas se identificam por meio da música, outras por
meio dos esportes, hobbies e diversas outras áreas de interesse em
geral. Esse fato pode se fazer presente em qualquer lugar, com
qualquer tipo de pessoa.
Certo dia, uma menina próxima,
me ligou para pedir algumas dicas, pois faria a sua festa de aniversário de
doze anos e tinha um problema para resolver. O "problema" era que ela
convidaria amigas da escola, da igreja e do condomínio, e ela não queria que
houvesse panelinhas separando as meninas, contudo, ela não sabia como proceder,
pois as convidadas tinham idades diferentes umas das outras, bem como mentalidades
distintas.
No dia que ela me
ligou, ela havia acabado de chegar da pizzaria, aonde estava com as amigas da
escola, comemorando o aniversário de uma delas. Ela estava muito frustrada,
pois todas as amigas permaneceram todo o tempo no celular, conversando no
whatsapp e olhando redes sociais, ao invés de conversarem entre si.
Diante disso, no
convite da festa, ela colocou um bilhete informando que não seria
permitido o uso de celulares, e quem levasse, deveria deixar em uma caixa que
seria colocada especialmente para isso.
No momento que ela me
ligou, eu disse que o ideal seria fazer alguma dinâmica de integração, todavia,
precisaria pensar em algo que fosse simples e prático, bem como adequado para
qualquer idade.
Pensando a respeito,
lembrei de dezenas de dinâmicas que conhecia, e por fim, acabei percebendo que
a mais interessante para a ocasião seria uma bem básica: formar equipes
pequenas, dar uma lista de perguntas gerais que não poderiam ter as respostas
escritas, e no final, fazer uma roda para que cada pessoa apresentasse alguém
da sua equipe.
No dia da festa, conforme
as convidadas foram chegando, ocorreu exatamente o que a menina havia previsto,
se formaram três grupos e ninguém se misturava, parecia até que existia algum
tipo de rivalidade entre algumas.
Assim que todos
chegaram, cantamos parabéns e comemos. Logo em seguida, chamei todas as meninas
para a sala de jogos e expliquei que faríamos uma dinâmica. Separei os grupos e
dei um tempo para cada uma prestar a atenção e memorizar as respostas de uma
das colegas do grupo. De mais de vinte meninas, apenas duas não participaram e
ficaram na mesa conversando.
Foi muito
interessante, pois no momento de fazer a roda para compartilhar, todas estavam
ansiosas para fazer as apresentações, e em poucos minutos, todas puderam se
identificar. Percebi que elas também se impressionaram ao perceber, que por
mais diferente que alguém possa ser, é possível que existam coisas em comum.
Quase todas as meninas tinham irmãos, todas tinham uma cor e um animal
favoritos; e o sonho da maioria delas, era o mesmo, ir à Disney.
Eu já havia feito e
participado de diversas dinâmicas de integração, mas neste dia, estando com a
mente focada em novos assuntos e prioridades, pude me dar conta de que a maior
identificação que temos uns com os outros, é que somos humanos. Todos comemos,
temos uma família, amigos, preferências, sonhos, e também defeitos; e mesmo que
sejam diferentes das características de outras pessoas, nos identificamos
simplesmente pelo fato de cada um ter necessidades e buscar satisfazê-las de
acordo com a sua individualidade.
Desta forma,
compreendemos que uma das atitudes mais importantes que precisamos ter, é de
não apenas respeitarmos, mas valorizarmos o fato de sermos diferentes.
Tenho duas melhores
amigas, e elas são irmãs. Uma delas é completamente diferente de mim, em todos
os sentidos possíveis. Temos em comum a paixão em dar e ganhar presentes, mas
apesar disso, acredito que o principal motivo de nos darmos tão bem é o fato de
sermos muito diferentes. Eu sou do tipo que fala e escreve tudo certo, ela é do
tipo que precisa perguntar para ter certeza; eu amo assistir filmes, ao passo
que ela dorme até no cinema. Nosso estilo ao se vestir é extremamente
diferente, contudo, gostamos das coisas da outra sendo usadas pela outra,
dentre dezenas de outras diferenças. É como se fôssemos peças de um
quebra-cabeça, elas se encaixam e nos dão sentido, trazem alegria e nos enchem
de "cor".
As melhores amizades
que tive, foram com pessoas que tinham personalidades e temperamentos
diferentes dos meus. Apresar de gostar de me relacionar com pessoas que tenham
os mesmos interesses, não costumo me limitar a isso.
Embora seja muito
bacana nos relacionarmos com pessoas que se identificam conosco, é essencial termos
iniciativa para nos comunicar com todo o tipo de pessoa, independente de sermos
compreendidos ou não.
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